Figuras do Badminton nacional
ANTÓNIO MARQUES DA COSTA - 12/8/1937 - 1/6/2017
1963-Campeão
Nacional de Equipas Homens pelo Sport Lisboa e Benfica
1972-1ª.
Seleção Nacional de Badminton
1974-Campeão Nacional de Equipas Homens pelo Grupo Desportivo Estoril Praia
1977-Campeão Nacional de Equipas Mistas pelo Centro de Recreio Popular da Encarnação
Este grande atleta de Badminton teve
neste fim de semana a sua despedida.
Foi relembrado por mim mas também por
muitos de um tempo áureo da nossa modalidade.
A família reuniu-se perante este nefasto
mas normal acontecimento da nossa vida.
Todos nós iremos passar por estes
momentos finais da nossa vida.
Mas para quem fica é muito importante
ver como um nosso ente querido foi ou não relembrado pelos seus principais
momentos nas várias atividades em que participou.
Para além da sua carreira profissional,
o Marques da Costa foi sempre um brilhante atleta desportivo, quer primeiro no
ténis de mesa e depois no Badminton.
No Badminton foi campeão muitas vezes a
nível individual e por equipas.
Representou o Benfica, o Estoril Praia,
o Centro Recreativo da Encarnação e também jogou como individual.
Fez igualmente parte da primeira seleção
nacional que representou o Badminton português internacionalmente.
Foi um modelo de desportista, especialmente
nos momentos em que não se conseguem vitórias,
mas igualmente como uma pessoa simples, afável, amigo de ter amigos e com
prazer de conviver com todos eles.
Sou um bom testemunho de todos estes
atos.
Com 79 anos de idade deixa três filhos
rendidos à sua forma de como se deve estar no desporto.
Um excelente exemplo para os seus quatro
netos.
A família resolveu provar tudo isso
colocando junto ao seu corpo, nos seus últimos momentos da sua vida, uma foto
jogando o seu belo Badminton e com a camisola do seu principal clube, que
representou durante mais de uma década, o Sport Lisboa e Benfica.
Mas este acontecimento foi para mim e
para muitos que nas redes sociais tiveram oportunidade de observar, emitir e
trocar mensagens e opiniões, colocar várias fotos do seu tempo e da sua
atividade desportiva, uma reflexão sobre o que se deveria ter passado de
diferente após estes seus êxitos desportivos.
Passaram-se mais de quarenta anos em que
nós nos encontrávamos regularmente para treinar ou competir mas também para
conviver com regularidade e o que ficou para o seu futuro que neste momento é
para nós todos o seu passado ?
Muito pouco, penso eu.
O que fizeram os principais clubes por
onde ele passou e que tão bem os representou ?
A exceção veio de uma homenagem feita
por Grupo Desportivo Estoril Praia que em determinada altura resolveu presentear
os antigos campeões nacionais de todas as modalidades.
Bonito gesto mas que infelizmente é raro
no nosso país.
O Benfica teve a feliz ideia de colocar
no seu magnífico Museu Cosme Damião troféus e referências aos títulos
conquistados pelos atletas de várias modalidades que foram sendo praticadas no
clube.
O Badminton não foi esquecido e lá se
encontram taças dos muitos campeonatos nacionais de equipas conquistados, vídeos,
fotos e lembranças dos principais acontecimentos e referidos alguns dos atletas
mais representativos do clube.
Atitude de exceção que permitirá
relembrar para o futuro o esforço dos seus antigos atletas, especialmente dos
amadores como foi o caso dos jogadores de Badminton dos anos 60 e 70.
E o que fez a Federação da modalidade de
Badminton para o relembrar após o termo da sua carreira enquanto seu jogador ?
O Marques da Costa foi Sócio de Mérito
da Federação Portuguesa de Badminton como muitos outros elementos que mereceram
este título e outros idênticos atribuídos pela entidade principal da modalidade.
Para além de perpetuarem nalgumas provas
com o seu nome, como são os raros casos de Henrique Pinto, introdutor da
modalidade em Portugal e da atleta Isabel Rocha não mais foram relembrados com
regularidade outros grandes elementos que ajudaram a que o Badminton,
nomeadamente em Portugal, conseguisse manter-se como modalidade desportiva
olímpica em permanente atividade.
No ano de 2004, a Federação Portuguesa
de Badminton promoveu as comemorações dos 50 Anos de Badminton em Portugal
realizando várias atividades e reuniu todas as principais figuras da
modalidade.
Foi o único ato em que foram divulgados
todos os merecedores dos vários galardões consagrados na regulamentação
federativa tendo os mais jovens oportunidade de saber quem foram os que deram
origem à modalidade em Portugal e os seus principais feitos.
Era a história da modalidade nos
primeiros 50 anos.
Foi mais uma exceção.
Posteriormente, realizou-se a cerimónia
da inauguração do edifício do Centro de Alto Rendimento do Badminton situado
nas Caldas da Rainha, momento importante para a modalidade.
Muitos convidados oficiais presentes e até
de atletas de nomeada de outras modalidades desportivas, mas os que tinham títulos
reconhecidos pela Federação de Badminton não só não foram relembrados como garante de um passado do Badminton
nacional como nem sequer convidados foram para esse tão importante
acontecimento.
Foi triste !
Na falta de uma organização justificada que
a Federação Portuguesa de Badminton nunca promoveu, o João Boto, outro elemento
de grande valor para o Badminton português que continua a não ser devidamente
reconhecido pela entidade máxima, promovia anualmente um jantar de homenagem às
principais figuras do Badminton nacional atribuindo-lhes os prémios do Blogue
Linhas & Finas.
Ali eram salientadas e lembradas algumas
das figuras mais antigas da modalidade mas também todos os jovens que se iam
destacando na modalidade e que representavam o futuro risonho do Badminton
português.
Mas até isso acabou pois o esforço do
João Boto por tão boa causa não teve o devido reconhecimento e até era
contestado por quem mais lhe deveria agradecer, levando-o a desistir.
É pena que no nosso país, com as naturais
e raras exceções, não se cultive o reconhecimento e se relembrem regularmente
todos quantos no passado deram o seu valioso contributo para que esta
modalidade seja o que é hoje.
Os jovens e aqueles que serão futuramente
os grandes nomes do Badminton nacional não sabem quem foram os Antónios Marques
da Costa do passado e como eles foram dignos e exemplos da nossa modalidade.
A Federação de Badminton, com excelentes
espaços na sua Sede e no Centro de Alto Rendimento das Caldas da Rainha nunca os
aproveitou devidamente para criar um grande Museu do Badminton Português para
perpetuar, com todo o valioso espólio que tem em seu poder, um passado de mais
de 60 anos de atividade.
O reconhecimento do passado deveria
servir presentemente para ajudar ao progresso do futuro do Badminton nacional.
As fotografias, os nomes, os troféus, as
relações com os nomes dos vencedores das muitas provas disputadas e demais
documentação existente deveriam ser permanentemente divulgados em local
condigno e porque não no próprio site da Federação Portuguesa de Badminton,
para que todos quantos ainda cá estamos possam rever os seus feitos e as suas
imagens.
Que belo seria poder-se ver as fotos e
os resultados obtidos por todos os Marques da Costa do nosso Badminton desde 1954,
data da fundação da nossa Federação Nacional.
Não tive infelizmente o prazer de rever
o meu parceiro, após tantos anos de terminar a minha carreira desportiva, por
não saber do seu paradeiro, tal como de outros grandes vultos da nossa
modalidade que não sei por onde param nem como se encontram.
É triste saber-se, por casualidade, quem
já faleceu, passado muito tempo desse acontecimento.
Não foi o caso desta nefasta notícia do
António Marques da Costa.
Ele merece neste momento que esta triste
informação do seu desaparecimento possa servir para que muita coisa mude nos
atos de quem presentemente representa o Badminton em Portugal.
Que se faça o reconhecimento e a
divulgação de quem esteve, está e estará ligado ao Badminton português.
Parabéns António por tudo o que fizeste
pelo Badminton e que agora também possas contribuir para que ele seja ainda
melhor !
Viva o NOSSO Badminton !
José Bento
4/6/2017
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