Desilusão !

9/12/2010

O Badminton sempre foi a minha paixão desportiva ao longo dos mais de 50 anos a ela ligado.

Durante toda esta vida a minha modalidade preferida proporcionou-me imensas alegrias pessoais e não só.

Também naturalmente houve situações que muito me desgostaram e afectaram por actos que considero menos correctos.

O Badminton sempre teve muitos casos de incompreensão e desentendimento entre alguns dos seus dirigentes e restantes agentes ligados à modalidade tendo por essa razão dificuldades em ser reconhecido como desporto de maior visibilidade em Portugal mesmo depois de ter sido considerado como desporto olímpico.

Durante a minha ligação à modalidade quer como jogador, dirigente, treinador, juiz-árbitro e tantas outras actividades sempre tentei fazer o meu melhor em seu favor, sem quaisquer interesses pessoais, económicos ou para me sobrepor a outros elementos que igualmente também se esforçaram para dar a sua melhor contribuição.

Participei em muitas acções de formação, de treino e de arbitragem com o fim de transmitir os meus conhecimentos da modalidade.

Fi-lo sempre tentando o melhor para o Badminton muitas vezes com prejuízos pessoais e familiares.

Nunca participei nessas actividades com intuitos de me promover socialmente.

Sempre tentei respeitar todos aqueles que comigo lidaram e que felizmente foram muitos.

Usei da humildade necessária para com todos eles.

Mas nunca abdiquei de me manifestar nas alturas próprias transmitindo os meus argumentos em defesa de uma opinião sobre qualquer assunto de Badminton.

Sempre tentei saber ouvir com a devida atenção as opiniões dos outros e com elas reflectir sobre as minhas convicções.

Muitas vezes lidei com pessoas que não usaram a mesma forma de estar da minha e por isso nem sempre fui correspondido.

No Badminton fiz muitas amizades.

Mas infelizmente e nos últimos tempos e sem motivos justificados deixei de contar com alguns que considerava amigos de longa data.

Não sobre aqueles que infelizmente já partiram mas alguns que ainda estão vivos.

Uns deixaram de me contactar como habitualmente me faziam.

Outros chegaram ao ponto de se desviarem do caminho para não terem de me dar no mínimo o seu cumprimento.

Para além de me deixarem de falar outros que não tiveram coragem de defenderem pessoalmente e directamente as suas opiniões cara a cara como naturais seres humanos e preferiram a calúnia chegando ao ponto de me terem enviado e-mails maltratando-me e tentando-me agredir com observações ofensivas.

Esses antigos “amigos” lá terão as suas razões para as atitudes que os levaram a não mais me contactarem mas o grave da situação é que esses factos não foram por questões pessoais ou de incompatibilidade de feitios mas por causa de temas sobre o Badminton que todos tanto gostamos.

Mas o que eu sei é que nem todos se interessaram pela modalidade como eu ao longo destes anos de relacionamento e que o meu vasto “curriculum” desportivo assim o demonstra.

Quando abri este blogue fi-lo com a intenção prioritária de divulgar os factos e notícias sobre mim e igualmente sobre o Badminton em geral.

Pretendi com ele dar a conhecer figuras do Badminton e torná-las conhecidas entre todos quanto a ele estiveram ou ainda estão ligados.

Pretendia nele receber e debater as ideias que possibilitassem o desenvolvimento da modalidade.

As críticas, sempre com fins construtivos, dirigidas a todos os agentes da modalidade e em particular a quem a dirige, foram sendo apresentadas com a esperança de melhorar o Badminton português.

Mas, com o passar dos tempos, constatei que muitos dos agentes são egoístas, só estando interessados na função a que estão ligados muitas das vezes por interesses pessoais.

Quanto a alguns dos jogadores, eles querem no fundo apenas que quem os rodeia lhes prepare tudo para poderem ganhar aos outros.

Esses jogadores não querem saber se, com o seu esforço, também muito poderiam contribuir para melhorar o seu próprio sistema de competição para si e para os seus opositores.

Alguns deles, talvez os mais conhecedores dos diversos problemas que a modalidade atravessava, pensaram em criar uma associação de jogadores.

E o que aconteceu ?

Foram “convencidos” que era melhor para eles manterem-se como jogadores e deixarem-se de “politiquices” que só lhes trariam dissabores para o seu futuro e em pouco tempo tudo foi abafado e desencorajado, com algumas “benesses” e a “brilhante ideia” de criação de uma associação paralela que lhes iria fazer frente se eles continuassem com essa intenção.

Há quem defenda que os jogadores são para jogar e não para se dedicarem a “oposições ao regime” e a pensarem noutros temas da modalidade.

Curiosamente, noutros tempos, quando eu comecei a praticar Badminton o meu professor Vilar Moreira, ensinava-nos a técnica, a táctica de jogo mas também a arbitrar, a elaborar os calendários de provas, a saber ler as regras e os regulamentos existentes e informava-nos quem eram os dirigentes da altura e como era a estrutura existente.

Isto é que era uma formação completa totalmente diferente da actual.

Quando passei a representar o Benfica e para além de ter de dar o meu melhor como atleta tinha a “obrigação” de colaborar na secção de Badminton, ter já a meu cargo um grupo de miúdos que se iniciavam na modalidade e começava a ter a noção do que era ser treinador.

Uma grande parte dos actuais responsáveis dos clubes e entidades de Badminton demonstram quase sempre interesses no momento presente e não estão interessados em querer dar aos seus atletas outras oportunidades de terem melhores provas, mais adequadas à sua formação como atletas e como pessoas, pois para isso teriam de ter mais empenho, mais dedicação, mais trabalho, entrar em mais trocas de opiniões e ideias e isso não lhes dá mais dinheiro, apenas possíveis chatices e naturalmente ficarem incompatibilizados e marginalizados por quem está acima na estrutura da modalidade.

Dos treinadores fica a ideia de que grande parte deles pretende a sua valorização pessoal à custa dos seus atletas e dos seus resultados e muitos deles desconhecem as normas e regulamentos da modalidade e nem estão interessados em ter debates com os outros elementos de classe para trocarem os seus conhecimentos (o que sabem devem guardá-lo para que os outros não fiquem a saber e assim o possam igualar ou até ultrapassar).

Veja-se a Associação Nacional de Treinadores que foi criada há alguns anos por alguns dos melhores treinadores da altura e que lá continuam, no papel, com toda a calma, a participarem nas restantes actividades do Badminton a que também estão ligados, mas sem fazerem mais nada nem contribuírem para a melhoria da modalidade e em especial da sua classe.

O mesmo se passa com a classe da arbitragem e com as duas associações existentes.

Há uns que querem trabalhar mais e melhor por elas e não os deixam e outros que por lá andam e o que desejam é que não os chateiem e lhes permitam ir sendo convidados para acompanhar alguns campeonatos por todo o país.

Agora até já há o grupo dos que, não pertencendo à arbitragem, seguem com eles para lhes dar assistência enquanto a maior parte daqueles que tiraram os seus cursos não são convidados sequer a participar como juízes-árbitros ou como seus ajudantes nas diversas provas o que lhes permitiria aumentar a sua experiência e ir aprendendo a cumprir melhor os regulamentos e normas existentes.

O Conselho de Arbitragem da FPB, as duas associações de arbitragem existentes, a maioria dos seus dirigentes e todos os elementos com as habilitações respectivas não conseguem dialogar e fazer algo de positivo pelo desenvolvimento do sector.

Alguns porque pretendem apenas salvaguardar os lugares e os privilégios que têm e outros não conseguem ser ouvidos e integrados na sua estrutura de modo a colaborarem e fazerem o trabalho que a arbitragem tanto necessita deles.

Já relativamente aos dirigentes associativos e federativos e de alguns dos principais responsáveis dentro da modalidade destaca-se o seu fraco conhecimentos da modalidade, dos seus regulamentos e a falta de vontade para colaborar com os restantes agentes do Badminton no sentido de o tornar cada vez melhor.

Na generalidade, não só dos que têm actualmente funções de dirigismo como daqueles que as poderiam exercer, nota-se a falta de objectivos e a dificuldade de optarem por uma melhor escolha de prioridades demonstrando uma visão reduzida e pouco ambiciosa.

Muitos deles não querem ter trabalho ou preferem fazer apenas o necessário para permitir dar continuidade às acções que já fazem anteriormente, com a prioridade de se manterem bem vistos perante os seus superiores (dirigentes) para que eventualmente possam pontualmente receber alguns benefícios numa próxima oportunidade.

Alguns e já são muitos não querem entrar em conflito com esses seus dirigentes hierarquicamente superiores de forma a manterem ou a passar a ter a ter alguns privilégios ligados com os seus filhos enquanto atletas e estudantes, numa perspectiva de que a eles lhes sejam dadas melhores condições em futuras participações em estágios, deslocações e em provas especialmente no estrangeiro permitindo-lhes atingir os objectivos que desejam para eles, nomeadamente que venham a pertencer a grupos de alta competição.

Por tudo isto mas especialmente por verificar que os meus mínimos objectivos de ver a modalidade melhorar em todas áreas (há tanto para ser melhorado) tão cedo não ia acontecer, nem na FPB, nem na minha associação, nem no meu clube e ultimamente nem nalguns amigos, resolvi reduzir substancialmente a colocação das minhas opiniões sobre o que ia decorrendo na modalidade.

Apenas e pontualmente passei a referir-me mais a factos que considero vergonhosos e com os quais não posso nem devo manter-me calado.

De facto muitos daqueles que frequentemente enviavam comentários para o meu blogue deixaram de o fazer decerto por passarem pela mesma situação de desânimo que atravesso e que em nada tem contribuído para que o Badminton funcione de forma clara, com respeito pelos outros e em especial por mim que já dei bastante e muito mais que muitos daqueles que não me conseguem já aturar.

Como não tenho quaisquer objectivos pessoais de voltar a ser dirigente e nem estou ligado a qualquer associação, nem clube, apenas gostaria de comungar as minhas ideias e vastos conhecimento e experiência em todas as áreas da modalidade com outros que também acham que o Badminton muito poderia progredir.

Como apesar de manter a oferta de dar a minha colaboração não têm surgido interesses correspondentes, presumo que o Badminton prescinde perfeitamente de mim, tanto mais que como jogador não poderei manter a minha anterior actividade.

Ficarei no entanto com o meu blogue aberto a quem queira achar nele uma possibilidade de se manifestar a favor do Badminton.

Passarei a tentar melhorar, se possível, o conteúdo já existente, nomeadamente na divulgação de fotos, vídeos, factos e notícias ligadas à modalidade.

Estou a aproveitar melhor o tempo que despendia com o Badminton em proveito próprio e especialmente nas minhas fotos e vídeos das minhas viagens e da minha família.

Pelo menos com esses trabalhos espero não merecer a desconsideração ou até o desprezo que ultimamente tenho sentido existir por parte daqueles que nunca imaginei viesse a acontecer !

Mas, sempre que entender, não deixarei de emitir a minha opinião sobre assuntos de Badminton.

É que quem contribui com o silêncio existente na modalidade é tão responsável como os outros que defendem a sua eternização no poder.

Bem hajam !

Que o Badminton português consiga reagir !

José Bento